sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Vital

Não há chances de parar
O abrir do dia
paralisar o momento da curva do sol
nestes entre-mundos
entre luz e sombra
as incertezas vagueiam como folhas ao vento
e ainda aqui estão os sonhos
despertos para a manhã
tão longe dos caminhos traçados
tão perto de chegar
e a espera não resiste
nas palavras vazias
nos ocos potes
que reduz-se ao nada
morre e desfaz nesta atividade da vida
quando se retira a vitalidade
e a matéria retorna à sua primária condição
disforme
inerte e mineralizada, como pedras silicatadas
ou pedras avermelhadas, cor de ferro
mas, se ainda existe a vida
este elemento vital, que cresce
que pode ser podado, mas retorna a brotar
e ainda, como o sangue nas veias
aquecido pelo fogo oculto
da experiência do sentido
no mistério da vida
recorro a mim mesma
para o inexplicável da existência
deste imponderável
que é o tempo e a vida,
das coisas vivas.
e não se reduzem às vontades
estes organismos complexos
que se auto recriam instante a instante
para a vida que rodeia
o importante e o real.
mas, para ela
nem mesmo a morte
nem mesmo ignorá-la.